segunda-feira, 10 de março de 2014

Comprei um saco de guardar confete e o enchi de sorrisos.

Vesti minha face mascara e fui para o bloco.

Não sei se o amor pierrô ou se a gente não se colombina,

mas fiquei com a impressão de que o carnaval era curto, e a vida mais curta ainda

pra gastar as fantasias pensando no que poderia ser

-pentina.

Então voltei pra casa, em meio a palhaços e bailarinas, pensando se ia ser sempre assim

ou se um dia alguém na multidão me faria perder o ar

-lequim.


terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Talvez, um dia, todos nós tivemos nossa história escrita visivelmente em nós, para que todos pudessem ler, através dos nossos olhos, tudo aquilo que temos de mais particular, tudo o que somos de fato. Talvez alguém, por orgulho ou pudor, não quis suas dores divididas. Talvez achasse que, naquela biblioteca viva, sua história ficaria melhor em um diário com cadeado, daqueles de que as crianças gostam. Talvez seguindo o exemplo desse alguém, passamos a guardar o que somos em um canto tão escondido que, muitas vezes, nem nós mesmos conseguimos ver. Como uma mão canhota, escrevendo e borrando o que acabou de pôr no papel. Talvez essa seja a fábula que contei pra mim mesma tentando entender por que há tanta cautela em se repartir. Talvez, um dia, tenhamos o poder de saber, desde sempre, quem serão os personagens da nossa história. É, talvez. Mas, até lá, que eu continue olhando nos olhos das pessoas como quem abre um livro pela primeira vez.