segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Carteado

E numa arrumação dentro das gavetas de mim,
encontrei esta carta que, um dia, tão carinhosamente, te escrevi.
Tão empoeirada que já nem reconhecia a cor da tinta,
mas não me esqueci da melodia dos versos.
Hoje leio na saudade de quando eras minha
todas as palavras que nem soube te dizer
e todas as que, impensadamente, te disse.
Hoje sei que muitas das letras que encorpam uma carta
foram mesmo feitas para não serem vistas;
que os olhos são meios falhos de enxergar o mundo,
mas funcionam bem quando se quer mostrar a alma;
e que, quando se toca uma alma, não se sai sem deixar marcas.
Dobro, hoje, este papel novamente
pensando se um dia ele tocará suas mãos.
Pensando se ainda poderei sentir o perfume dos teus cabelos longos,
da tua pele...
Eis o encanto do tempo. O que ele me trará eu não sei.
Na verdade, já nem sei se vivi você, morena,
ou se te criei.

Nenhum comentário:

Postar um comentário