Ele dançava ao som indecente dos violões. Se jogava na vida. E, em seus passos, a música girava em torno do que ele acreditava ser real. Imaginava-se num tango doce e quente. E ao levantar da música, sentia seu coração acelerando e batendo e gritando e dançando... como seu corpo.
Foi sua última dança. E aposentou os sapatos.
Sem aquele rosto na plateia, não haveria mais razões para pisar no palco da vida.
Lustrou-os, antes de guardá-los no ármário. Dedicou-se a observá-los por uns minutos.
Talvez não tivesse dado valor a eles... não o quanto mereciam.
Curioso como se repara mais nas coisas quando elas não estarão mais conosco na vida... - pensou.
E rezou. Sentia-se chamado a fazer isso, mesmo sem entender bem o porquê.
Pegou seus sapatos; olhou-se no reflexo do couro lustrado.
Couro curtido, marcado pelos passos.
Abriu o armário, guardou-os. Desligou a música. Apagou a luz.
Fim do espetáculo.
Muito bom o texto.
ResponderExcluirblog lindo també, Parabéns!
tô seguindo :*
Mto legal o texto, título extraordinário.
ResponderExcluirParabéns.
Obrigada e obrigada! Sempre!
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